A juventude fluorescente e melodramática de Lorde

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"We told you this was melodrama" ecoa repetidamente em segunda voz quase no fim da reprise da faixa "Sober". Em 40 minutos, Lorde nos transporta pro universo criado pela cantora em Melodrama (2017), segundo disco de sua carreira meteórica.

O álbum transparece as incertezas de alguém no fim da adolescência e o processo de amadurecimento que vem com a chegada da idade adulta. Para Lorde, intensidade é tudo. E Melodrama é um registro sincero sobre como uma jovem adulta, que ganhou fama mundial com apenas 16 anos, se vê após a primeira turnê ao redor do globo, o término de um relacionamento de anos e como é se reconectar com a vida que deixou para trás na Nova Zelândia.

Melodrama tem início, meio e fim - mesmo que não siga exatamente esta ordem. “Green Light” e “Perfect Places” centralizam o lado mais fluorescente do disco - a tal “luz verde” é o neon que ilumina as noites dos centros urbanos, cenário de muitas escapadas da cantora, tanto para se reconcilicar com os velhos amigos na cidade natal, quanto para fugir do tédio nas metrópoles.

A fragilidade emocional da artista e de sua antiga relação são postas à mesa para o ouvinte em faixas como "Liability", "Writer In The Dark" e "The Louvre". São nelas que Lorde abre mais ainda o coração, que transborda a melancolia do fim de um longo relacionamento, suas maiores inseguranças e a sensação de estar apaixonada. Entretanto, é "Supercut" que evoca a voz da consciência de Lorde, já no momento de superação - o que passou tornou-se apenas um compilado das melhores memórias a dois.

Apesar da diferença de idades, o que vi em comum com a cantora de apenas 21 anos foi a enxurrada de sentimentos que acompanharam um difícil término, que perdurou por um bom tempo na memória. Ouvir o Melodrama e permitir que eu me visse em cada uma de suas músicas foi parte de um longo processo de cura -- assim como a própria. Nesse caso, o melodrama foi mais do que bem-vindo.

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